VIA SACRA (POR DOM ANTÔNIO DE CASTRO MAYER)
ORAÇÃO PREPARATÓRIA
Meu Senhor Jesus Cristo, disponho-me a acompanhar-Vos no caminho que trilhastes do pretório de Pilatos ao Calvário, para Vos imolardes por minha salvação. Peço-Vos a graça de nos conceder grande dor e arrependimento de ter pecado, causando vossos atrozes sofrimentos, e que vosso Sangue preciosíssimo infunda em minha alma o propósito firme de nunca mais pecar.
ANTES DE CADA ESTAÇÃO
Dirigente: Nós Vos adoramos, Senhor, e Vos bendizemos;
Todos: Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
No final da consideração, depois da Ave Maria:
Todos: PESA-ME, SENHOR, de todo o meu coração ter ofendido a vossa infinita bondade, proponho com vossa graça a emenda, e espero que me perdoeis por vossa infinita misericórdia. Amém.
Dirigente: Compadecei-vos de nós, Senhor!
Todos: Compadecei-vos de nós!
Dirigente: Que as almas dos fiéis defuntos, por misericórdia de Deus, descansem em paz.
Todos: Amém.
O FIEL DEVE FICAR DE PÉ: Durante o Cântico e a Leitura do Texto.
O FIEL DEVE FICAR DE JOELHOS: Durante a leitura do texto da 12.ª Estação e demais orações.
I ESTAÇÃO
(Jesus é condenado à morte)
A morrer crucificado,
Teu Jesus é condenado,
Por teus crimes pecador.
Dirigente: Cedendo aos clamores dos judeus, Pilatos condenou Jesus à morte na Cruz.
O que levou os judeus a pedirem a morte de Jesus Cristo foi sua infidelidade. Quiseram seguir uma religião do seu agrado, e não a Religião revelada pelo Filho de Deus humanado. Nisto imitaram a desobediência de Adão e a rejeição da vontade de Deus.
Nós estamos na mesma miserável condição. Humilhemo-nos e peçamos a Nossa Senhora nos alcance a graça de sermos fiéis à Santíssima Vontade de seu Divino Filho.
Ave Maria…
II ESTAÇÃO
(.Jesus com a Cruz às costas)
Com a cruz é carregado,
E do peso acabrunhado:
Vai morrer por teu amor.
Dirigente: Depois da vigília no Horto das Oliveiras e da atrocíssima flagelação, Jesus se submete ainda ao sacrifício de carregar a Cruz até ao Calvário.
Jesus o fez para reparar os nossos pecados. Aprendamos que sem sacrifício e o habitual espírito de mortificação, nossa religião é vã, vazia, sem merecimento. Peçamos a Nossa Senhora a graça de aceitar com alegria as mortificações que nos impõe o cumprimento de nossos deveres de estado.
Ave Maria…
III ESTAÇÃO
(Jesus cai pela primeira vez)
Pela Cruz tão oprimido,
Cai Jesus desfalecido,
Pela tua salvação.
Dirigente: Já esgotado pela insônia, fome e perda de sangue, Jesus sucumbe ao peso da cruz e cai por terra.
Nos desígnios de Deus, esta queda é para descontar as ofensas de nossos pecados, e para nos alertar contra nossa presunção. Por nós mesmos só vamos de pecado em pecado, de queda em queda.
Peçamos a Nossa Senhora nos alcance a graça da vigilância na oração e na fuga das ocasiões de pecado.
Ave Maria…
IV ESTAÇÃO
(Jesus encontra-se com sua Mãe Santíssima)
De Maria lacrimosa,
Sua Mãe tão dolorosa,
Vê a imensa compaixão.
Dirigente: Na agonia, do Horto do Getsêmani e no processo infame a que foi submetido seu Divino Filho, esteve ausente Maria Santíssima. Quando, porém, vai Ele consumar o sacrifício da redenção do mundo. Ela se apresenta. É que ambos, Jesus e Maria, no decretos do Altíssimo, estão como identificado na missão redentora do homem. É como Mãe dos remidos que Maria coopera na obra da salvação.
É a esta Mãe que recorremos para nos assegurar a fidelidade a seu Divino Filho, e meio da sociedade paganizada que nos envolve.
Ave Maria…
V ESTAÇÃO
(Simão Cirineu ajuda Jesus a levar a Cruz)
Em extremo desmaiado,
Deve auxílio, tão cansado,
Receber do Cirineu.
Dirigente: A breve trecho, no caminho do Calvário, convencem-se os verdugos do Salvador de que pela extrema debilidade, conseqüência das torturas a que tinha sido submetido, Jesus Cristo não estava em condições de carregar o seu patíbulo até ao cimo do monte. Forçaram Simão de Cirene a carregar a cruz do Salvador.
Nossa salvação, por vontade de Deus, não se realiza sem nossa cooperação. Precisamos, a nosso modo, ajudar Jesus Cristo a carregar a Cruz. E o fazemos quando não nos conformamos com a maneira de proceder de uma sociedade que, na prática, se afastou da austeridade cristã. Que Nossa Senhora nos alcance esta graça.
Ave Maria…
VI ESTAÇÃO
(Verônica enxuga a face de Jesus)
O seu rosto ensangüentado,
Por Verônica enxugado,
Eis no pano apareceu.
Dirigente: Do meio daquela multidão sádica que formava o séquito nefando do Salvador no caminho do Calvário, destaca-se uma mulher forte que, arrostando a arrogância dos soldados, aproxima-se de Jesus e com uma toalha Lhe limpa o sagrado rosto desfigurado pelo sangue da coroa de espinhos pelos escarros dos sicários do Sinédrio e pelas bofetadas da soldadesca bestial.
Admiremos envergonhados a fortaleza desta mulher e peçamos a Nossa Senhora nos alcance a graça de nunca trairmos por respeito humano nossa religião, com nosso procedimento.
Ave Maria…
VII ESTAÇÃO
(Jesus cai pela segunda vez)
Outra vez desfalecido,
Pelas dores abatido,
Cai em terra o Salvador.
Dirigente: Não obstante o auxílio do Cirineu, a enorme fraqueza do Salvador fê-lo cair uma segunda vez no caminho do Calvário.
Esta segunda queda do Salvador lembra nossas repetidas culpas e, de outro lado, da infinita misericórdia de Deus que só espera nosso arrependimento para nos soerguer.
Que a fraqueza do Redentor que o prostrou por terra, seja a nossa fortaleza, e não nos permita aceitar um meio-catolicismo ao sabor da sensualidade feito mais de quedas do que de virtudes.
Ave Maria…
VIII ESTAÇÃO
(Jesus consola as filhas de Jerusalém)
Das matronas piedosas,
De Sião filhas chorosas,
É Jesus consolador.
Dirigente: Ao ver os tormentos a que os sicários do Sinédrio submetiam Jesus no caminho do Calvário, umas piedosas mulheres de Jerusalém não contiveram as lágrimas e expandiram em altos prantos suas consternação. Jesus, agradecido, exortou-as a que tornassem profícuos seus prantos, chorando mais por elas e seus filhos, do que por Ele.
O que Jesus deseja é a nossa salvação. Por isso ferem-Lhe mais nossos pecados do que O afligem as chagas de seu corpo ou Lhe pesa a coroa de espinhos. “Chorai por vós e por vossos filhos” – nos repete o Senhor, quando nos vê mais preocupados com nossas moléstias e os bens terrenos do que com os nossos pecados. Abra-nos os olhos a virgem Santíssima para purificar nosso catolicismo.
Ave Maria…
IX ESTAÇÃO
(Jesus cai pela terceira vez)
Cai terceira vez prostrado,
Pelo peso redobrado,
Dos pecados e da cruz.
Dirigente: Novamente a extrema debilidade prostra a Jesus por terra. É mais uma humilhação que se junta a todas, as outras igualmente atrozes a que se sujeitou o Salvador na sua Paixão.
Fê-lo por nosso amor, nossa salvação, mas também para que compreendêssemos que, sem a aceitação amorosa das humilhações que Nosso Senhor nos envia, não participamos da Redenção, porquanto não nos assemelhamos a Jesus Cristo.
Que a Virgem Santíssima, Mãe das Dores, nos compenetre desta verdade.
Ave Maria…
X ESTAÇÃO
(Jesus é despojado de suas vestes)
Dos vestidos despojado,
Por verdugos maltratado,
Eu Vos vejo, meu Jesus.
Dirigente: Chegado ao Calvário, foi , Jesus despudoradamente despido de suas vestes pela soldadesca imunda.
Jesus, o cândido lírio da inocência, mais branco, mais puro do que o mais puro arminho e que a mais branca neve, é apresentado nu aos olhos da multidão, tendo apenas para velar seu corpo sagrado a túnica do seu sangue sacrossanto.
Foi certamente a mais sensível das humilhações a que nossos pecados submeteram o Filho de Deus. No entanto, é a humilhação a que mesmo as pessoas que se dizem cristãs e tementes a Deus, continuam a submeter o Divino Salvador. A Virgem Mãe, pureza alvinitente, nos alcance o apego ao recato, à modéstia, ao comedimento, que são as condições indispensáveis para a prática da virtude.
Ave Maria…
XI ESTAÇÃO
(Jesus é pregado na Cruz)
Sois por mim à Cruz pregado,
Insultado, blasfemado,
Com cegueira e com furor.
Dirigente: Estirado Jesus sobre a Cruz, esticaram-Lhe violentamente os membros e os cravaram no madeiro com grossos e pontiagudos cravos.
O suplício da Cruz era reservado aos escravos, com os quais era legítimo não ter a menor comiseração. Além disso, Jesus Cristo foi crucificado entre dois ladrões, como a indicar – diz S. Boaventura – que era o pior deles.
Tudo concorria para levar aos extremos os sofrimentos físicos e morais do Divino Salvador. Cravado na Cruz após a flagelação e coroação de espinhos, não é possível imaginar sofrimentos mais atrozes. Considerado malfeitor vil e abjeto como os crucificados, é impossível humilhação maior.
Pois esses sofrimentos, essas humilhações foram o preço de nossos pecados. Foi assim que Ele nos libertou da escravidão do demônio da morte eterna, e nos mereceu o céu no seio de Deus.
Com o coração agradecido, aprendamos a apreciar as humilhações e os sofrimentos com que Deus purifica a nossa alma, especialmente quando exigidos pelo cumprimento dos deveres de nosso estado.
Ave Maria…
XII ESTAÇÃO
(Jesus morre na Cruz)
Por meus crimes padecestes.
Meus Jesus, por mim morrestes.
Como é grande a minha dor!
Dirigente: Depois de três horas de tormentosa agonia, Jesus inclinou a cabeça e morreu.
Consumou-se o sacrifício. O véu do templo rasgou-se de alto a baixo anunciando a abolição da lei mosaica substituída pela lei de Cristo que a aperfeiçoa e supera, e atinge todos os homens.
Exclama São Paulo: “Estou pregado na cruz com Cristo.” É este também o ideal da vida do fiel: unir-se a Jesus Crucificado. Ou seja, tomar o caminho da renúncia de si mesmo na obediência aos legítimos superiores, nas humilhações, no espírito de mortificação, nos sacrifícios exigidos para o cumprimento dos próprios deveres. São as disposições da alma que pedimos à Virgem Santíssima presente ao pé da Cruz.
Ave Maria…
XIII ESTAÇÃO
(Jesus é descido da Cruz)
Do madeiro Vos tiraram,
E à Mãe Vos entregaram,
Com que dor e compaixão.
Dirigente: Nicodemos e José de Arimatéia obtiveram de Pilatos o corpo de Jesus. Cuidadosamente O retiraram da Cruz e O entregaram à sua Mãe, Maria Santíssima, a quem Ele pertencia por direito materno.
A Virgem Mãe contemplou em silêncio a retidão profunda daquele rosto sempre senhor de si mesmo, embora desfigurado pelos atrozes sofrimentos e morte violenta. Contemplou, adorou, e O apresentou ao Padre Eterno como propiciação pelos nossos pecados, nossos de seus filhos adotivos.
Habituemo-nos a viver com Maria. Ela nos levará a Jesus. Ela nos dará sua graça e seu vigor para triunfarmos da multidão dos atrativos para o mal que emergem de uma sociedade imersa no egoísmo e na sensualidade.
Ave Maria…
XIV ESTAÇÃO
(Jesus é depositado no sepulcro)
No sepulcro Vos deixaram,
Sepultado Vos choraram,
Magoado o coração.
Dirigente: Atendida a exigência de seu direito materno, Maria Santíssima acompanho o enterro de Seu Divino Filho organizado por Nicodemos e José de Arimatéia. Foi Ele deposto num sepulcro novo, aberto na rocha, no qual ninguém tinha ainda sido sepultado.
Sobre todos desceu um ambiente de paz que sepultou o alarido da multidão infrene, quando pedia a morte do Salvador.
A paz do Senhor é a paz de consciência que repercute no homem todo, dando-lhe a sensação de um profundo bem-estar. Esta paz encontramo-la quando desalojamos de nosso coração os sentimentos egoístas e sensuais para enche-lo de caridade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Virtude que obteremos pela intercessão de Maria Santíssima.
Ave Maria…
Meu Jesus, por vossos passos,
Recebei-me em vossos braços,
A mim, pobre pecador.
ORAÇÃO FINAL À VIRGEM DOLOROSA
Ó Maria, minha Mãe, compartilho conVosco as dores e sofrimentos que suportastes no corpo e na alma, ao acompanhardes Vosso Divino Filho no caminho do Calvário, e ao assistirdes à sua dolorosa e humilhante morte na Cruz.
Peço-Vos que me guardeis sob vossa proteção para que não torne a pecar, renovando a Paixão de Vosso Divino Filho.
(1 Padre-Nosso e 1 Ave-Maria, na intenção do Sumo Pontífice para se lucrarem as indulgências).
Pela Virgem Dolorosa,
Vossa Mãe tão piedosa,
Perdoai-me, meu Jesus!