O CONTRADITÓRIO ALEKSANDR DUGIN

Após a tentativa malfada da Revolução Russa de 1905, o governo czarista afrouxou seu controle sobre os movimentos religiosos e ideológicos no Império Russo, menos com relação a Santa Igreja Católica.

Então, grupos ocultistas floresceram, e alcançaram influência significativa na sociedade russa. Esses grupos incluíam uma seção do partido bolchevique, os tais “construtores de deus”, que eram liderados por Alexander Bogdanov — cofundador, com Lênin, do partido bolchevique — Maxim Gorky e Anatoly Lunacharsky. Eles acreditavam que mitos religiosos, rituais e símbolos eram ferramentas poderosas que deveriam ser reinterpretadas para promover o socialismo e a adoração da humanidade, em vez de serem descartados. Seu projeto foi contestado por Lênin, que era um materialista puro e que venceu a luta pelo poder no Partido. Bogdanov foi expulso da política e começou a pesquisar sobre transfusão de sangue como um meio de prolongar a vida humana. Ele morreu em consequência de uma transfusão de sangue malfeita em 1928. Lunacharsky manteve uma posição na liderança bolchevique e se tornou o primeiro Comissário do Povo para a Educação na União Soviética, tentou ganhar apoio ocultista para o regime soviético, mas após a sua morte em 1933 (surpreendentemente, por causas naturais), a memória de Lunacharsky foi obliterada na União Soviética. Ele foi reabilitado na década de 1960, e um renascimento do interesse em suas ideias foi acompanhado por uma onda de entusiasmo pelo ocultismo na sociedade soviética.

Vyacheslav Menzhinskii, chefe da OGPU (Diretório Político do Estado Unificado da URSS) de 1926 a 1934, foi o mais renomado bolchevique com ligações ocultistas. Antes da Revolução, Menzhinskii fazia parte do círculo em torno do poeta e satanista Mikhail Kuzmin, escrevendo versos expressando visões que se assemelham as de Dugin (‘Nem todos podem compreender/A maravilhosa arte de ver em mandamentos sombrios/Faróis apenas para tentações ousadas’). Menzhinskii foi o mentor de Stalin na arte de inventar conspirações imaginárias para justificar o extermínio de oponentes políticos reais ou potenciais, e na encenação de julgamentos-espetáculo baseados nessas conspirações, Stalin dependeu dele para sua tomada de poder e da sua genocida coletivização da agricultura, que dizimou o povo ucraniano e por isto nunca duvidou de sua lealdade.

Donald Rayfield observa: “As obsessões messiânicas ligam Menzhinskii… a Stalin… E, para eles a tentativa de Negar ao Bom Deus não era suficiente; eles ansiavam por usurpá-lo.” Stalin não era um ocultista; a postura e o absurdo envolvidos no ocultismo não eram seu estilo. Onde ele concordava com Menzhinskii era na reversão dos valores morais que fazem parte do ocultismo. De acordo com essa reversão, a obediência à lei moral pertence ao medíocre, ao desprezível, ao subumano. Respeito e honra são devidos àqueles que pisoteiam essa lei moral — quanto piores suas transgressões, melhores e mais divinos eles se achavam. Mentirosos, orgulhosos e cruéis sonham herdar a Terra. O método de governo de Stalin era baseado nessa filosofia e deixou uma marca na Rússia até hoje.

O próprio pensamento de Dugin está enraizado nos movimentos ocultistas da década de 1960. Esta década viu a fundação do ‘Círculo Yuzhinskii’ por Yuri Mamleev, um ocultista e uma figura literária que escreveu romances de vileza e obscenidade realmente impressionantes. O Círculo era uma reunião informal de pseudointelectuais e a elite artística da Rússia com ideias semelhantes que se reuniam em torno de Mamleev e se encontravam em seu apartamento em Yuzhinskii Lane, em Moscou. Mamleev envolveu o círculo em um estudo intensivo de obras esotéricas e ocultistas ocidentais. Mamleev estava interessado na pseudometafísica hindu e budista. Buscando reconciliar as posições do paganismo hindu e da tortodoxia russa, ele aderiu à concepção gnóstica do universo físico como fundamentalmente mau e depravado. Ele sustentava que o contato com o divino fora deste mundo pode ser alcançado por meio de comportamento extremo que rompe as profundezas metafísicas. Mamleev liderou o Círculo Yuzhinskii em cerimônias que deveriam levar a esse avanço; estes envolviam ritos sexuais aberrantes e o consumo de quantidades excessivas de álcool, e pensava que uma elite espiritual de ocultistas russos estava recuperando uma tradição oculta russa, constituindo assim a Rússia como o Centro Espiritual do Mundo.

Evgeny Golovin se tornou a figura principal do Círculo depois que Mamleev partiu para os EUA em 1974 e assumiu um posto de professor em Cornell. Golovin foi inicialmente tomado de entusiasmo por René Guénon (1886-1951), um ocultista francês que acreditava, e possui muitos adeptos neocons e russófilos no Brézil, que em uma pseudotradição espiritual primordial de origem não humana que fundamenta toda prática religiosa. Guénon pensava que essa suposta tradição, à qual ele alegava aderir, era preservada em uma forma esotérica no cristianismo sob um disfarce exotérico, considerava o advento da modernidade, um desastre por causa da rejeição da magia e do ocultismo pelo Iluminismo. O pensamento de Guénon foi batizado de “Tradicionalismo”, um termo que não deve ser confundido com a Santa Tradição Católica. Pois, essa pseudotradição, como ele a apresentava, era uma mistura de ideias hindus e gnósticas. Guénon sustentava que o avanço espiritual era obtido por meio da iniciação na tradição esotérica de uma religião, e que a salvação da sociedade humana dependia de sua tomada pela elite iniciada. E, isto foi de uma grande influência na Guarda de Ferro romena de extrema direita entre as décadas de 1930 e 1940, e para Mircea Eliade, um membro zeloso da Guarda de Ferro na década de 1930, um influente estudioso das falsas religiões na Universidade de Chicago a partir da década de 1950.

Alguns elementos do pensamento de Guénon podem ser discernidos no colega de Eliade, Leo Strauss. Quando a Guarda de Ferro foi fundada na Argentina na década de 1960, ela tomou Eliade (junto com Lênin) como uma de suas inspirações. O então padre jesuíta Jorge Mario Bergoglio era próximo da Guarda de Ferro argentina, tinha grande influência na Universidade del Salvador, de origem jesuíta, em Buenos Aires, e lá o pensamento de Guénon, foi bastante propagado.

Golovin ficou enojado com a aceitação qualificada do cristianismo por Guénon, no entanto, caiu no erro dicotômico – e como aconteceu bastante, atualmente – se transportou dos erros de Guénon para os erros de Julius Evola (1898-1974), o fascista e ocultista italiano. Evola também acreditava em uma pseudotradição espiritual primordial oculta, essa vertente rejeitava o cristianismo por causa de sua promoção da igualdade humana. Em vez disso, ele procurou reviver o paganismo romano (coisa que vemos bastante no Brézil, também). Após a Segunda Guerra Mundial, Evola se tornou uma grande inspiração ideológica para a direita italiana e para o partido de extrema direita húngaro Jobbik, que hoje tem como guru o Tibor Baranyi, assim como existe o Steve Bannon para EUA, o Olavo de Carvalho para o Brézil e o Aleksandr Dugin para a Rússia.

Golovin desenvolveu um fascínio pelos ocultistas völkisch — pensadores e grupos ocultistas ligados à ascensão do partido nazista na Alemanha. Entre eles, a Sociedade Thule e seu fundador Rudolf von Sebottendorf; os ariosofistas Guido von List, Jörg Lanz von Liebenfels e Karl Maria Wiligut; e o estudioso nazista Hermann Wirth. O partido nazista foi fundado por dois membros da paramaçônica Sociedade Thule, Karl Harrer e Anton Drexler. A maçônica sociedade Thule inicialmente possuía o jornal oficial nazista, o Völkische Beobachter. Os membros da Sociedade incluíam os proeminentes nazistas Rudolf Hess e Hans Frank. Alguns pesquisadores alegaram que o mentor de Hitler, Dietrich Eckart, era membro da Sociedade. No entanto, Eckart (a quem Hitler dedicou Mein Kampf) recebeu apoio financeiro dessa tal Sociedade e às vezes compartilhava sua ideologia no geral, mesmo que não fosse um membro formal. O interesse de Golovin pelos ocultistas völkisch foi despertado no seu encontro com Le Matin des Magiciens, um romance de Louis Pauwels e Jacques Bergier que introduz uma ampla gama de temas ocultistas. Seu entusiasmo pelos ocultistas nazistas levou Golovin a renomear o Círculo Yuzhinskii como ‘Ordem Negra da SS’ e a se autodenominar Führer da Ordem.

Com esse pano de fundo, torna-se possível retornar à figura de Aleksandr Dugin com o contexto adequado. Sua formação intelectual e espiritual foi profundamente ocultista, e essa formação é central para seu pensamento até hoje. Ele foi introduzido no Círculo Yuzhinskii em 1980 por Geydar Djemal (1947-2016), que compartilhou a liderança do Círculo com Golovin. Djemal também era devoto das ideias ocultistas nazistas e desenvolveu o “Tradicionalismo” de Guénon e Evola em direções mais extremas. Ele combinou isso com a fidelidade a alguma forma de islamismo sufi. Ele teve uma carreira de prestígio em várias organizações islâmicas que lhe renderam, entre outras coisas, um doutorado honorário da Universidade da Cidade do Cabo.

Durante a década de 1980, Dugin foi ativo na ala pró-nazista do círculo liderado por Djemal. Em 1988, ele se juntou à ‘Pamyat’, a organização nacionalista e antissemita de Dmitri Vasilyev, e serviu em seu conselho central. Após a queda da União Soviética em 1991, Vasilyev reivindicou o título de ‘fascista’ para esta organização, e ele rejeitou Mussolini e Hitler como não sendo verdadeiros fascistas. Dugin foi expulso da organização supostamente por satanismo.

Em 1993, Dugin apareceu como comentarista especialista em The Secrets of the Century, um documentário de televisão que descreveu com simpatia os grupos e ideias ocultistas ligados ao partido nazista. De 1994 a 1998, ele foi ativo no Partido Nacional-Bolchevique de Eduard Limonov, que seguiu a ideologia dos primeiros bolcheviques nacionais na Alemanha e na URSS, que buscavam combinar o nazismo com o comunismo.

De 1989 a 1993, ele viajou extensivamente pela Europa Ocidental para fazer networking com direitistas. Ele fez contatos com Alain de Benoist, Robert Steuckers e Jean Thiriart na França e na Bélgica. De Benoist é o fundador do ‘Groupement de Recherche et d’Études pour la Civilisation Européenne’ (GRECE), um thinktank para a ‘Nouvelle Droite’ francesa. Ele é um neopagão que detesta o cristianismo e promove o nacionalismo eugenista; ele e Dugin se tornaram colaboradores próximos. Na Itália, Dugin forjou laços com Claudio Mutti, um influente seguidor neofascista de Evola. Dugin tem extensas conexões na Romênia, que incluem os políticos Adrian Năstase, o acadêmico Ilie Bădescu e o artista Eugen Mihăescu. Dugin faz parte de uma rede intelectual e política neopagã europeia que forma uma parte significativa da direita europeia. Em 2008, ele foi nomeado para a faculdade de sociologia da Universidade Estadual de Moscou, mas em 2014 foi demitido deste cargo por pedir o genocídio dos ucranianos.

Em 1997, Aleksandr Dugin apresentou “Finis Mundi”, um programa de rádio semanal sobre filósofos de extrema direita e tradicionalistas que durou apenas 16 episódios. No quinto episódio, dedicado ao influente historiador das religiões Mircea Eliade (1907-1986), Dugin afirma: Há alguns anos, nosso querido amigo Claudio Mutti se encontrou com a viúva do grande Codreanu em Bucareste. Aquela mulher — linda mesmo naquela idade e com memórias daqueles eventos completamente intactas — compartilhou com ele este detalhe: quem apresentou Julius Evola ao Capitão [Codreanu] foi ninguém menos que Mircea Eliade, o líder do ninho de Bucareste [ cuib ] “Axa” e maior aluno e colaborador mais próximo de Nae Ionescu, ideólogo oficial da Guarda de Ferro e maior intelectual do nosso tempo.

Dugin estava bem familiarizado com os pensamentos de Evola sobre o problema do cristianismo a partir do Pagan Imperialism (1927) deste último , que introduz muitos dos temas aos quais Evola retorna em Revolt . Dugin havia traduzido o texto para o russo em 1981, embora de uma edição alemã inicial. A posição de Evola é clara: Um Império é tal somente quando uma espiritualidade imanente o permeia; mas é óbvio que um Império real deste tipo não pode reconhecer nenhuma organização que reivindique uma prerrogativa sobre coisas do espírito. Ele desautorizará e suplantará toda Igreja, colocando-se em seu lugar pura e simplesmente como Igreja verdadeira e única.

Dugin se descreve como um eurasianista e um tradicionalista (leia: perenialista). O eurasianismo é uma escola geopolítica de pensamento fundada por Sir Halford Mackinder (1861-1947). Mackinder identificou o controle do “Heartland”, a parte norte da Ásia mais ou menos correspondente aos territórios do antigo Império Russo, como a chave para o controle do mundo. Mackinder viu um Heartland politicamente unido como uma ameaça ao domínio do poder marítimo da Grã-Bretanha. O eurasianismo foi adotado na Rússia por Ivan Ilyin (1883-1954), o pensador favorito de Putin, e Lev Gumilyov (1912-1992), que argumentou que a Rússia é uma cultura asiática influenciada pelo Império Mongol, em vez de ser europeia.

Os estudiosos reconhecem muitas semelhanças entre Evola e Dugin, mas também apontaram diferenças significativas. Dadas as ideias depreciativas de Evola sobre o cristianismo, o afastamento cristão de Dugin do modelo pagão de Evola é interessante, particularmente porque Dugin fez muito do lugar da Ortodoxia em seu tradicionalismo neoeurasianista. Dugin também foi creditado por introduzir um tipo de determinismo geográfico (ou seja, “geografia sagrada”) em seu tradicionalismo neoeurasianista. Em resumo, onde tanto Evola quanto Guénon argumentam que o declínio civilizacional do Ocidente poderia teoricamente também ter acontecido no Oriente, Dugin conecta geografia e destino de uma forma que torna o declínio do Ocidente e a ascensão do Oriente geograficamente determinados. Como mencionado acima, ambos os afastamentos do tradicionalismo de Evola, que os estudiosos atualmente discutem como marcas registradas do eurasianismo de Dugin, já estão presentes no Legionary Phenomenon de Ionescu.

O Fenômeno Legionário de Ionescu se relaciona com a Revolta de Evola como uma espécie de variação deliberada e truncada de um tema não creditado. Não é plagiado in sensu stricto, mas também não é original. Sugiro que a relação não seja imediatamente aparente porque foi intencionalmente obscurecida. Enquanto Ionescu reproduz o argumento principal da Revolta de Evola, ele seleciona entre os menores. Onde Evola tira seus exemplos abundantes de uma variedade de fontes antigas e medievais, Ionescu argumenta os mesmos pontos com ilustrações especificamente romenas e as anedotas folclóricas que eram características de seu estilo de palestra improvisado. O efeito é um manifesto fascista legionário que tenta articular os principais princípios da “Tradição” universal de Evola em termos nacionais — para localizar universais transcendentais em particularidades romenas. É uma variação do tema da Revolta pagã de Evola “no estilo (t)ortodoxo romeno”, cerca de 60 anos antes do surgimento do pseudotradicionalismo (t)ortodoxo de Dugin.

O que Dugin ganha de Ionescu, então, é uma estratégia para adaptar o imperialismo pagão tradicional “multipolar” de Evola às crenças existentes (cristã, muçulmana, budista, etc.) da Eurásia. Seu conceito de civilização imperial eurasiana é, portanto, comparável à nação imperial “ortodoxa” de Ionescu. Enquanto Ionescu (re)moldou a Ortodoxia Romena em uma identidade nacional para os então recentemente unificados Valáquios, Moldávios e Transilvanos compartilharem, Dugin busca (re)unir os povos da antiga União Soviética sob uma narrativa de uma identidade “eurasiana” compartilhada que, nos termos de Evola, “desautorizaria e suplantaria toda Igreja, colocando-se em seu lugar pura e simplesmente como Igreja verdadeira e única”. Tanto o tradicionalismo pagão quanto o ortodoxo criam “nações” soberanas que são livres para travar guerras santas de construção de impérios com quem eles escolherem.

Ionescu também diverge de Evola sobre a relação da raça com a civilização ou império. Para Ionescu (assim como Dugin), a geografia da “emergência” de uma raça – e, portanto, também sua autorrealização como império – é determinística. Em termos tradicionalistas, esse determinismo geográfico é chamado de “geografia sagrada”. Enquanto Evola argumenta que uma raça pode alcançar o império somente quando “supera a si mesma e suas particularidades naturalistas”, Ionescu insiste que a ascensão ao império resulta da adoção – em vez da superação – de certas “particularidades naturalistas”. Ele explica: “Uma nação, como um coletivo orgânico e espiritual, tem certas leis naturais. Estas precisam ser realizadas na forma ótima, pois não se pode descer à transação em sua realização”. Para Ionescu, muitas dessas leis naturais são determinadas geograficamente. Como ele explica, uma nação é uma forma histórica, e “existem formas históricas que são puras e impuras. As puras nascem onde as condições históricas são sobrepostas às geográficas”. Noutro lugar, Ionescu acrescenta, Deus fez as raças, cada uma com um único dever, para realizar a lei natural que Deus colocou nelas. A parábola dos talentos — pois é assim que Deus se realiza, na história, na eternidade do agora, não na do futuro — quando haverá um rebanho e um pastor, realizando a lei natural colocada por Deus, como qualquer existência emitida por Deus. Assim, uma nação deve realizar-se em suas próprias leis naturais.

O pseudotradicionalismo de Dugin acrescenta ocultismo a essa teoria geopolítica. A fonte final dessa adição é The Arctic Home in the Vedas, um livro publicado em 1903 pelo nacionalista indiano Bal Gangadhar Tilak. Ele argumentava que os arianos se originaram no Ártico, em uma época em que o clima lá era quente e agradável. Essa alegação foi assumida pelos ocultistas völkisch, que identificaram essa terra natal com Hiperbórea, um paraíso terrestre que os antigos gregos acreditavam existir no extremo norte. Essa visão também é encontrada em Guénon e nos primeiros ocultistas franceses. Guido von List e Jörg Lanz von Liebenfels nomearam essa terra natal desaparecida de Arktogäa, e eles a sustentaram como a terra natal ancestral dos arianos localizada no Polo Norte e a fonte da religião esotérica ario-germânica. Rudolf von Sebottendorf nomeou sua Sociedade Thule em homenagem a Thule, a suposta capital de Hiperbórea. Em 1990, Dugin fundou a Sociedade Histórico-Religiosa ‘Arktogeya’, uma editora e mais tarde uma presença na internet, que ele nomeou em homenagem a esta suposta terra natal. Hermann Wirth (1885-1981) também sustentou que os arianos se originaram no Ártico e buscaram recuperar sua religião e cultura originais, que ele considerava a fonte de toda a sabedoria espiritual. Wirth fundou o Ahnenerbe, o instituto da SS dedicado a apoiar a crença nazista na supremacia ariana, algo que influencia o pensamento de Dugin.

Dugin se interessa por Martin Heidegger, um um filósofo nazista que considerava a postura filosófica atéia como a mais adequada. O prestígio de Heidegger faz dele uma referência valiosa, e a dificuldade e obscuridade de seu pensamento permite que Dugin compile suas próprias teses com as ideias de Heidegger sem medo de fácil contradição. No entanto, os principais componentes do pensamento de Dugin vêm das ideias de Mamleev, Guénon, Evola e dos ocultistas völkisch.